sexta-feira, 16 de maio de 2014
Como sou Fred Astaire...
Tudo começou algum tempo atrás quando ouvi pela primeira vez a musica "Quando fui Fred Astaire" do Jay Vaquer. Sabe quando você ouve aquela musica que te envolve, como um sino tocando numa catedral?! Então, foi assim. A melodia, arranjo, timbre, letra, todas as idiossincrasias da canção pareciam se encaixar perfeitamente, na primeira vez em que escutei repeti algumas dezenas de vezes boquiaberto com a canção, não só por ela falar de um dos meus artistas preferidos e toda a história (Seria desleal de minha parte colocar Fred Astaire como apenas ator ou apenas dançarino) mas por colocar isso no cotidiano, criando não só um evento chave mas todo um background pra isso, criando uma realidade paralela e concorrente no sentido mais geométrico possível (se é que é possível).
Enquanto escutava a musica no silencio do meu quarto, deitado, com todas as luzes apagadas e respirando o ais baixo possível para tentar captar os mínimos detalhes da música ( ritual que repito todas as vezes que conheço qualquer musica que goste) e comecei a imaginar cm seria se realmente a gravidade faltasse, se eu ficasse orbitando e apenas orbitando até que a vida finalmente se esvaísse de mim, se eu pudesse andar com os pés no teto e a cabeça no chão. Um bom tempo se passou depois dese dia e continuei com a musica e minhas playlists...
...foi quando estava no ônibus voltando da faculdade e escutando musicas no modo aleatório que meu pensamento deixou de se voltar para o abstrato e tocou o concreto. Olhei pela janela e vi a pobreza da baixada fluminense, a insanidade no trânsito, a opressão policial, a dor do povo e pensei numa simples palavra: SUBVERSÃO. Imediatamente pensei na crucificação, no crime pelo qual Cristo foi acusado pelas autoridades, Ele foi O subversor, Ele inverteu a gravidade da mente da época e não só isso, inverteu a gravidade da religião do coração daqueles homens. Paulo seguindo Seu exemplo subverteu também a economia de Éfeso quando em sua pregação as pessoas se convertiam e deixavam suas práticas escusas que alimentavam a economia da cidade (At 19:23-41).
Neste exato momento percebi que não precisava desejar que a gravidade acabasse para que eu fosse como Fred Astaire, eu JÁ ERA como o Fred Astaire da canção. Cristo através de dois pedaços de madeira havia invertido a gravidade da minha mente, do meu coração e da minha religião. A subversão é um crime diário que eu falhava em cometer. O evangelho é subversão, inversão de gravidade, CONTRACULTURA!
Quando percebo a grande mudança no universo, a alteração que o Senhor das estrelas fez no espaço qualquer do meu coração não preciso me preocupar com as coisas difíceis pra macaco sabido entender, apenas me regozijo e danço no teto exatamente como Fred Astaire.
O mundo clama por uma mudança, Karl Marx diria que teria de ser visto pelo ponto de vista econômico. Eu digo que deve ser vista pelo ponto de vista físico. O mundo precisa ver a beleza que é estar de pernas pro ar. Eles anseiam por entender que essa é a maneira real de se viver. Quem em tempos de guerra civil, copa do mundo, confrontos políticos e ladrões no poder, ainda há amor. Precisamos de Fred Astaires (sim, tentei pôr um nome no plural...) não apenas para dançar, mas para atuar, escrever, politicar, filosofar, medicar, tocar, fazer, ensinar, construir, AMAR. Precisam saber que é possível viver com a gravidade invertida.
Assim termina mais uma reflexão de quem costumava comer bolotas de porco e agora perdeu a gravidade.
Link da canção: http://letras.mus.br/jay-vaquer/300188/
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